Ao passearmos pelas vielas dos mercados ainda percebemos a presença do coelho da Páscoa em sua forma mais marcante: o ovo de chocolate. Se olharmos para dentro de casa, ainda encontraremos os que ganhamos e compramos....
Esse é um período em que muitos se retorcem de dor e culpa, pois há tanta oferta desse prazeroso alimento que não há como resistir, nem que seja por uma barrinha minúscula, ou uma caixinha do bombom que pede bis.
Perdoem-me os puristas e vigilantes da balança, mas para mim, prazer não anda com culpa, pelo contrário e chocolate faz é bem!Duas paixões podem se juntar nessa época e por todo ano com muita intimidade. Vinho e chocolate têm muito em comum. Ambos provocam um amplo prazer e trabalham no nosso organismo mais ou menos na mesma direção, posto que conseguem proporcionar uma sensação interessante em saciar nosso prazer, atingindo as zonas dos desejos.
É verdade a sensação de satisfação que ambos provocam tem muito a ver com nossos desejos e prazer. Muitas pesquisas comprovam essa teoria na prática.
Além dessa questão, a matéria prima do chocolate o cacau é tão importante quanto a uva para o vinho. Prova disso é que somente em algumas regiões do mundo se consegue cacau de qualidade para os melhores chocolates. Nas regiões da África como o Marrocos, e no Brasil na Bahia temos alguns desses pouquíssimos exemplos. Outro dado em que os dois se assemelham está na sua evolução, são menos de duas décadas para que o chocolate ganhasse um destaque internacional quanto à sua qualidade, modo de fazer e processo de produção. Reconhecemos isso na afirmação de que os melhores chocolates do mundo, os chamados chocolates gourmet, estão em países que não tem um pé de cacau: França e Bélgica, mas que têm grande tradição gastronômica e de viver bem.
Os chocolates atuais nos dão uma variedade muito interessante, são em barras, ou bombons, recheados, com paladar misto de frutas ou castanhas, amêndoas, escuros ou brancos e também com percentual diferenciado de cacau, podendo chegar ao “super” amargo. Nesses últimos a quantidade da manteiga de cacau, a parte menos nobre da massa do chocolate é diminuída ou aumentada, alem é claro do leite. Além dos gostos e sabores que se oferecem o chocolate ainda pode ser a matéria prima para outros doces, como mousses, tortas ou bolos e até usado em pratos como ingredientes ou caldas.
Com tanta variedade, você deve estar se perguntando. Com que vinho eu vou?
De uma forma bem geral podemos seguir a seguinte regra:
1) Para os chocolates ao leite, massa mais moles ou recheados – à essa categoria chamaremos dos mais doces – os vinhos por contraste vão cair muito bem, são os do tipo brancos doces do estilo Colheita Tardia (Late Harvest), ou os Botritizados como o Tokaji (húngaros) ou os franceses de Sauternes.
Dica:Tem uma sugestão muito legal que é o Colheita Tardia da vinícola brasileira Aurora, muito fresco, aromático e de paladar equilibradíssimo, além de um preço muito bacana.
2) Os chocolates que são resultados de pratos, sobremesas, algo do tipo petit gateau, bolos de chocolate (floresta negra), mousse de chocolate e afins, esses podem ser harmonizados com os vinhos do tipo fortificados, como os vinhos do porto.
Dica: Os vinhos do porto LBV (quer dizer safra engarrafada depois – ou “late bottled vintage, em inglês) são perfeitos para esse casamento, por sua textura, passagem em madeira e boa presença de fruta.
3) Já os do tipo gourmet (isso não quer dizer só chocolate de marca, mesmo porque muitos chocolates importados são muito parecidos com os nossos mais comuns), aqueles que tem toques mais delicados e normalmente são mais amargos (acima de 45% de cacau), apreciam a companhia de vinhos mais robustos, como um Amarone, porém será com os destilados, do tipo Cognac ou Armagnac, que essa harmonização ganha respeito.
Dica: Se encontrar um brandy (espanhol como o Torres) você encontra um parceiro bem bacana e diferente. No Brasil temos um que a Miolo faz em parceria com a Osborne (Espanha), é muito bom.
0 Comentários