um conto de natal (inspirado
no belo comercial de um supermercado alemão)
Seu João era um homem bem sucedido em sua vida, começou de
baixo na farmácia de seu tio no interior, aprendeu seu oficio, tornou-se farmacêutico,
fundou um pequeno laboratório, casou-se com Ana que infelizmente veio a falecer
no nascimento de seu quinto filho, continuou com esmero a criação de seus
filhos e fez formar todos, mas por esses mistérios da vida nenhum o sucedeu em
seu laboratório, que o vendeu para curtir sua merecida aposentadoria.
Cada filho, mesmo com o bom conforto da casa dos pais, decidiu seguir seu
próprio caminho e saíram para as grandes cidades. Os anos foram passando e as
visitas ao pai foram rareando. Sempre justiçáveis: filhos, trabalho, viagens
importantíssimas, negociações, enfim o pai tão importante para garantir a base
do sucesso dos filhos era tido como homem forte e suportaria essa ausência.
No natal daquele ano um a um foi justificando sua ausência,
com mensagens carinhosas de filhos e netos, seu João ficava tristonho e suas
saudades aumentavam, olhava a foto da esposa e sentia o coração sozinho.
Na manhã do dia 24 de Dezembro os filhos receberam mensagens
no grupo da família, em seus potentes celulares, que seu pai estava preso em
sua bela adega. A mensagem enviada por um amigo de Seu João dizia que por
alguma razão ele se prendeu na adega e que beberia todos os vinhos que havia
guardado por toda vida.
Cada um dos filhos pensava a seu modo, o mais velho, Junior
imaginava a degustação daquele Chateau Mouton Rothschild 1982 que tinha
comprado com seu pai, já José o segundo as edições especiais do champagne Don
Perignon, Ana Maria sentiu um aperto no coração quando lembrou dos Sauternes
Chateau d’Yquem, Madalena, bom Madalena ficou arrependida de não ter bebido com
seu pai a vertical de Almaviva, eram cinco safras fabulosas e David, o caçula,
se preocupou com o coração do pai, e pensava se aguentaria beber as
preferências de seus irmãos e ainda se fartar com as suas preferidas grapas.
Envergonhados com seus pensamentos, mas ainda assim impressionados com a atitude do pai, cada um, em silêncio, decidiu “salvar o pai”, largaram o que faziam, juntaram a família e seguiram para a bela casa do Pai. O silêncio deixou de funcionar ao se encontrarem no aeroporto e todos juntos chegaram à casa do pai, o mais velho com as chaves reservas.
Ao abrir a porta, luzes de natal, mesa posta, um senhor
sóbrio e elegante aguardava todos com seus belos vinhos e uma alegria enorme em
seus olhos. Seus filhos, bem, os filhos estavam aliviados, seus vinhos
preservados (risos), mas no fundo uma grande alegria em poder estar com seu
pai...
Não importa quão ocupados estejamos, lembrar e partilhar com nossos entes queridos é sempre o melhor motivo para nos reunirmos. Os vinhos? São boas companhias, mas os que amamos são os melhores companheiros!
Não importa quão ocupados estejamos, lembrar e partilhar com nossos entes queridos é sempre o melhor motivo para nos reunirmos. Os vinhos? São boas companhias, mas os que amamos são os melhores companheiros!
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