O eclético vinho!
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Desde o principio o vinho sempre foi uma bebida nobre e em muitos momentos para os nobres. Em realidade não havia, durante muito tempo, outro pensamento quando se falava de bebidas.
Por conta do álcool o vinho já teve seu uso medicinal, uma espécie de analgésico e na sequencia um remédio quando misturado com ervas, se imaginava que essa combinação alcançaria a cura ou aliviaria determinadas dores. Com o avanço da medicina esse uso foi abandonado, mas ficou essa memória do “misturar” ao vinho e partir disso nasceram algumas bebidas milenares como o licor Dom Beneditino (Benedictine) e os amargos fernets.
Outro fator interessante é o econômico, consta que em momentos de crise, muitos impérios misturavam água ao vinho para render mais, os nobres ou donos ficavam com o melhor do vinho e servia o vinho misturado aos convidados. Consta que esse hábito das cortes também foi levado ao povo, mas esses eram para seu próprio consumo.O rei Louis XIV já misturava água ao vinho por questões de saúde, como não dispensava o vinho, seu médico o orientou para diluir em água, até que ele descobriu o Champagne e a partir de então passou a ser a bebida oficial da corte da França, ato imitado por outras cortes mundo afora.
(Aqui vale um parêntese)
Os
espumantes nasceram na França, mas a maior de todas as ironias, é que
Champagne, onde ocorreram algumas das batalhas mais amargas da humanidade, ter
sido o local de seu “nascimento”. De lá provém um vinho que o mundo inteiro
identifica como o dos momentos felizes e da amizade.
Talvez
para marcar essa mudança, essa prova de civilização e humanização, é que a
região de Champagne, a mais famosa região produtora de espumante no mundo, se
mantém firme, exigindo que Champagne, só pode ser Champagne se for feito nesta
região.
Basicamente,
existem dois métodos para obter esse liquido esfuziante: “Champenoise” ou
método clássico (determinado por D.Pérignon) e “Charmat”.
Do
método clássico destacamos que a segunda fermentação, ou seja, com o vinho
pronto – vinho base – se inicia uma nova fermentação feita na própria garrafa
através da adição de açucares, enquanto que no Charmat se faz essa segunda
fermentação em tanques, normalmente de aço inox.
O
mundo conhece grandes espumantes fora de Champagne, como os Crémant da Alsácia
e da Borgonha, na própria França, os Cavas espanhóis – que são consideradas tão
bons quanto os Champagne, porém bem mais em conta, produzidas pelo mesmo método em uma região
restrita próxima a Barcelona e sem dúvida os espumantes brasileiros já muito
bem apreciados em todos os continentes.
Imagino que
essa questão econômica aliada a qualidade de leveza e refrescância foram a
inspiração para o surgimento de muitas bebidas, principalmente quando o clima
se mostrava mais quente.
É o caso da Sangria (Espanha) que mais tarde ficou conhecida em alguns países
inclusive no Brasil como Ponche.
No Uruguai
conheci uma bebida local, muito por acaso. Há cerca 20 anos ao encontrar com um
produtor e provar seus vinhos percebi um amargor exagerado e o questionei. A
explicação, surpreendente, foi que é um hábito no país uma bebida que mistura
vinho com água gasosa, assim eles preservam o sabor do vinho e criam uma
“refrigerante” de adulto.
No século 20 aconteceu o grande avanço da figura do “barman” e consequentemente
dos drinks, long ou short, e uma
infindável classe de misturas liquidas e em alguns casos sólidas como o Dry
Martini (fernet doce) que é adicionado uma azeitona, ou a própria caipirinha.
Até então se misturavam os destilados a sucos e os tornavam mais doces com
açúcar.
O vinho
passou a ser usado tempos depois, então além da Sangria conhecemos o Belini, um
drink à base de espumante e suco de pêssego, normalmente preparado com muito
orgulho pelos grandes barmen (hoje podemos encontrar o drink pronto – com 5% de
álcool é bem leve). Ainda nessa classe
temos o Kyr, e o Kyr Royal,
provavelmente originário da Borgonha (Franca) quando se misturava licor de
Cassis ao vinho branco (Kyr) ou champagne (Kyr Royal). Se és to tipo que gosta
de inovar use o licor de Ginja, essa
deliciosa bebida a partir de uma uva típica de Portugal.
São muitas
as variações onde o vinho passa a ser coadjuvante e assume essa posição
eclética para atender a refrescância ou se tornar um aperitivo, porem ainda
muito charmoso.
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Imagino que o fato de dar o crédito aos ingleses vem de uma versão do drink que usa Jerez (ou Sherry) costumeiro companheiro dos ingleses nas viagens à Índia daquela época. Assim além dos brancos e espumantes ainda pode se preparar a bebida com o Jerez fino ou amontilado, (seco ou doce).
Outro drink
bem interessante e fácil de fazer vem do Porto (Portugal), ideal para o antes
do almoço; basta uma taça larga preenchida com algumas pedras de gelo, raspas
de laranja, folhas de hortelã(se gostar), e vinho do porto branco (doce). Muito
agradável, refrescante e aromático.
Enfim há diversas maneira de incorporar o vinho ao seu verão, sozinho ou
misturado, invente uma!
Precisa de
uma ajuda na escolha?
Tio Pepe Jerez Fino DO Seco
Dow’s
Porto Fine White
Licor
Ginja Albergaria Companhia das Quintas 1000ml
Cosecha
Tarapacá Sauvignon Blanc 2019
Espumante
Casa Perini Brut Charmat
Alexandre
Santucci, escritor, mentor e palestrante, é o criador do “Descomplicando o
Vinho” (Site/TV/Livro e método). É psicólogo, ator, professor universitário de
Marketing, Serviço do Vinho /Sommelierie e Psicologia/Gestão de Pessoas. Foi
responsável pela área de cursos e treinamentos da maior importadora de vinhos
do Brasil.
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