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As rolhas asseguram a vedação do vinho na garrafa. Com o tempo o baixíssimo teor de oxigênio no interior da garrafa será suficiente para atacar o líquido e aos poucos o mesmo ir se transformando. É o necessário para fazer evoluir o vinho corretamente.
“Esse processo fará com que uma pequena reação de vida aconteça, uma micro oxigenação, uma micro oxidação e transformará também uma parte liquida em sólida, por isso em vinho mais velhos encontramos borra, os cristais, que são os sedimentos dessa ação (a borra também é encontrada em uma parte de vinhos face ao resultado de não serem filtrados).”
O uso da rolha nos vinhos remonta a história romana, eles foram os
primeiros a colocar seu próprio vinho em rolhas, pois era seu sortimento nas
viagens militares. O curioso é que os
militares levavam vinho por uma razão: matar a sede! É verdade, eles temiam
encontrar água envenenada, por isso bebiam seu vinho.
Com essa ação percebeu-se que o vinho se mantinha melhor conservado que com as
vedações até então utilizadas.
Até agora, só a rolha de cortiça natural consegue proporcionar o equilíbrio perfeito, permitindo uma correta evolução do vinho e a completa formação dos aromas que chamamos de terciários.
Ocorre que, sabendo dessas propriedades, atualizando às questões ambientais, no final dos anos 90 do século passado, produtores de todo o mundo viram que a cortiça (produzida na sua maior parte entre Portugal e Espanha – cerca de 80% do total) se tornaria uma material com dificuldade de extração e por consequência encarecido (hoje uma rolha de cortiça pode custar de R$ 2 até R$ 20,00 – pois são diversos os tipos de rolha, desde as maciças até as de compensados), assim começaram a pensar em alternativas que afetassem menos a natureza e pudesse realizar a função de forma amplamente satisfatória. Dessa maneira surgiu no inicio do século 21 as rolhas sintéticas, não tão elegantes e não tão indicadas para vinhos de envelhecimento longo, mas que cumpria muito bem o seu papel, só não substituía o glamour das rolhas de cortiça e fez com que muitos “apreciadores” diminuíssem, desvalorizassem por puro preconceito os vinhos que estavam com essa tampa.
Muitos especialistas, como o famoso Robert Parker por entender a função especifica da rolha defenderam exaustivamente a rolha sintética e hoje é uma realidade, apesar de carregar injustamente o estigma de estar em vinhos sem qualidade.
Hoje depois de inaugurada essa fase vieram outras alternativas, como a tampa de rosca (“screwcap”), lançada nos excelentes vinhos australianos e amplamente utilizada no novo mundo como nos chilenos, americanos, já em muitos vinhos europeus (essa inovação garante agilidade e economia de escala, sem afetar seus vinhos que devem ser consumidos em no máximo 10 anos), e recentemente a tampa de vidro, que começa a ser utilizada na Áustria, seguida pela Alemanha e hoje já encontramos em vinhos italianos, completamente limpa pela sua superfície que confere ao vinho o necessário: vedação e agora glamour como as tampas dos excelentes perfumes das épocas de ouro europeias.
A sugestões vão para o australiano D Arenberg d Arrys Original Shiraz Grenache 2014 e o sensacional brasileiro LA Jovem Rosé 2020.
Esse australiano que homenageia um dos mais expoentes nomes da produção de vinhos daquele país, apresenta um corte típico do Rhone (França) com Shiraz e Grenache, porém mais pujante, penetrante com belos taninos e toques de chocolate, estima-se ao menos 10 anos de guarda, mesmo na rolha tampa de rosca (screwcap).
Já o brasileiro dessa vinícola boutique Luis Argenta ostenta um vinho moderno, tanto na sua embalagem cuidada nos mínimos detalhes, sua rolha de vidro, quanto no líquido: delicado e com muita personalidade graças a competente enologia resultado do corte 70% Pinot Noir e 30% Shiraz. Um vinho delicado como sua coloração rósea cobre, médio corpo, fresco e aromático, trazendo notas de morango, framboesa e flores.
Jamais julguemos um vinho pelo rótulo ou pela rolha!
Alexandre Santucci, escritor, mentor e palestrante, é o criador do “Descomplicando o Vinho” (Site/TV/Livro e método). É psicólogo, ator, professor universitário de Marketing, Serviço do Vinho /Sommelierie e Psicologia/Gestão de Pessoas. Foi responsável pela área de cursos e treinamentos da maior importadora de vinhos do Brasil.
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