BEAUJOLAIS - "LE PETIT BOURGOGNE?"

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Beaujolais - Uma província francesa bem antiga cuja capital histórica é Beaujeu, de onde surge seu nome. Atualmente a capital atual é Villefranche-sur-Sâone. Trata-se de uma pequena região vitivinícola, localizada ao sul da Bourgogne, mais especificamente situada ao norte de Lyon, que se estende no norte de Rhône e no sul de Saône-et-Loire.

A região de Beaujolais produz cerca de 98% de vinhos tintos, basicamente com a emblemática uva Gamay, nativa de Bourgogne. É ela quem dá vida também aos exemplares rosés, esses que são apenas 1% enquanto os outro 1% são brancos e feitos a partir da uva Chardonnay. 

Gamay é uma uva prematura no que diz respeito a colheita, como tipicidade ela apresenta bela acidez, pele fina e nos aromas a presença de frutas vermelhas como cereja, morango e framboesa.

Comumente se atribui Beaujolais como uma região da Borgonha, muito embora estejam muito próximas fisicamente, seus produtos, no entanto, se diferem muito, posto que tanto ao clima, solo e principalmente pela uva (Pinot Noir na Borgonha e Gamay em Beaujolais), de modo geral, resultam em vinhos com pouca semelhança. Enquanto a Borgonha produz vinhos com taninos elegantes e potentes, boa guarda e complexidade aromática, Beaujolais produz vinhos menos austeros, mais frutados e taninos sedososEspecificamente quando falamos de crus de Beaujolais, aí poderemos encontrar vinhos mais longevos, expressivos e taninos mais potentes, porém de modo geral a Gamay trará vinhos mais frutados e capacidade menor de guarda (quando comparado a Borgonha).

Beaujolais ganhou o mundo no inicio da década de 90 do século passado graças ao seu Beaujolais Noveau. Sob o slogan “Le Beaujolais Noveau est arrivé!” - criado pelo produtor francês (e bem marqueteiro) Georges Duboeuf- um vinho simples criado para comemorar a colheita na década de  ultrapassou o território francês  e alcançou cerca de 150 países, começando pela Austrália e Ásia. 

Curiosamente esse vinho é uma exceção a uma das mais rígidas regras propostas na França, país em que o vinho é considerado patrimônio. Na França se decretou em 1951 que nenhum vinho (de Origem Controlada) de seu país poderia ser comercializado antes de 15 de Dezembro (fato que atribuiria garantia de qualidade). No entanto o Beaujolais Noveau (de Origem Controlada - AOC ou AOP) quebra essa regra de uma forma muito alegre e desde então até 1967 se lançava o vinho antes da data determinada. A partir de então até 1985 se tinha um dia fixo: 15 de Novembro e depois, imaginando que esse seja o dia especial para se começar o final de semana,  passa a se comemorar o lançamento toda terceira quinta-feira do mês de Novembro. 

Hoje, fora da França, o Japão lidera o ranking de consumo de Beaujolais Nouveau, no mercado internacional. O sucesso desde vinho é tão grande que em algumas horas 12 milhões de garrafas viajam o mundo, de avião, para que a festa possa acontecer nessa data, pois esse vinho é feito e engarrafado em cerca de duas semanas.

Como é feito - O Beaujolais Noveau diferentemente dos vinhos tradicionais produzido a partir da uva Gamay passa por uma vinificação denominada maceração carbônica, com o objetivo de sobressair o perfume da fruta: os cachos são colocados inteiros dentro das cubas (com tampas, lembrando uma panela de pressão), e é injetado dióxido de carbono que faz sair todo o oxigênio. Com o bago fechado e intacto, a fermentação é feita. Graças a esse processo alguns aromas são provocados, como é o caso do aroma de banana, fruto exclusivamente dessa fermentação diferenciada.

O Beaujolais Noveau não é considerado, por muitos, um vinho para se levar a sério, e eu concordo é um vinho para se divertir, se alegrar, sempre muito frutado e ótimo para beber descompromissadamente, levemente refrescado, perfeito para os dias quentes de verão.

Graças ao efeito do Beaujolais Noveau muitos consumidores passam a se interessar pelos vinhos da região e a provar seus melhores vinhos, os Crus de Beaujolais: 

Ao todo são 12 diferentes Denominações de Origem (Appellations d’Origine Protégée ou A.O.P.), divididas em Beaujolais, Beaujolais Villages e os Crus de Beaujolais (10 AOPs - elite da região).

Beaujolais Villages -  Beaujolais e Beaujolais Villages, uma área que possui diferenças no terroir, seus exemplares costumam ter aromas de groselha e morango, são leves, podendo inclusive ser refrescados. Um terço da produção está destinada ao Beaujolais-Villages, outro ao Nouveau , e ainda igualmente reserva lugar para os vinhos de guarda. Habitualmente a pequeníssima produção de roses e brancos saem desse território.


Brouilly - Bastante influenciado por seus quatro terroirs, o Brouilly apresenta a cor de um rubi intenso e profundo. Seus aromas são mais frutados que florais, notas de frutas vermelhas e minerais. Refinados e com bons taninos costumam agradar muito.

Moulin-à-Vent - O mais prestigiado da região. Destaca-se pelo vermelho rubi e o grená escuro, aromas florais e frutados, de violeta e de cereja, quando mais evoluídos aparecem aromas de especiarias, frutas maduras, trufas, almíscar e animais. Complexo e com boa estrutura, com a guarda (que é uma característica desse cru) ele tende se assemelhar  ao belos Pinot Noir da Borgonha, trazendo aromas de cereja escura, e taninos potentes e elegantes.

Fleurie - Considerado o mais elegante entre os Beaujolais, esse terroir promove notas frutadas e florais, toques de violeta, e uma coloração vermelha carmim intensa. No paladar destaca uma delicada acidez e taninos macios, em um corpo fino, refinado e elegante.

Juliénas - Uma grande diversidade de terroirs neste cru que se apresenta em um rubi profundo, concentra aromas de morango, groselha, violeta e canela. Seu paladar estruturado é marcado por um longo retrogosto, notas de pimenta, quando envelhecido percebemos nuances de baunilha e especiarias.

Saint-Amour - Uma das menores denominações do Beaujolais, e dois estilos estão presentes nesse cru, que tem por característica e tipicidade vinhos de cores vermelhas rubi brilhante, paladar frutado e floral. Em função da vinificação escolhida, os enólogos entregam crus suaves com aromas de frutas vermelhas, flores, rosas, pêssego, característicos ou complexos indicados para guarda de pelo menos 4 anos em garrafa.  Um vinho para beber no dia de São Valentim!

Morgon - Villié-Morgon é o vilarejo de situado no coração da zona dos crus do Beaujolais, que dá o nome e origem para esses vinhos de cor grená profunda, aromas de frutas vermelhas maduras, como ameixa, cereja e o pêssego. Seus vinhos são carnudos, ricos e estruturados. Vinhos de expressão do seu terroir e quando atingem seu apogeu seu produtores costumam o chamar de "Morgon morgonne".

Chiroubles - Os vinhos de Chiroubles frutos de uma colheita um pouco mais tardia que os dos demais crus, apresentam aromas florais, de violeta, rosas e frutas vermelhas frescas em um vermelho intenso e profundo e um paladar de quem tem o DNA do prazer, promovendo uma agradável sensação de escorregar pela boca. Provavelmente é o cru que mais entrega a tipicidade da Gamay.

Régnié - Vinhos aromáticos, que trazem uma profusão de framboesa, groselha, amora, cassis, notas de mentol e pimenta, com um belo final de boca, redondo e macio em seus taninos finos e muti elegante. Talvez com a mais bonita coloração dentre os crus, no seu vermelho cereja e rubi. Um vinho para ser bebido jovem.







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