Um pouco de História - Por volta dos anos 80 percebemos nos vinhos do novo mundo, principalmente nos EUA, que saíram na frente quando começaram colocar o nome da uva em destaque (claro que isso também complicou um pouco e tinha gente dizendo que tomou um vinho do produtor Cabernet Sauvignon...), bom, mas muitos esforços ainda são feitos nesse sentido e muita confusão também.
Ocorreu que, para "facilitar" a vida do consumidor, os “marketeiros de plantão” descobriram uma oportunidade: criar rótulos chamativos (com nomes parecidos de grandes vinhos, châteaux, telas, ou pinturas de famosos, cavalos, hologramas...) e muitas vezes dando uma intenção de algo que não é.
Aí quando compramos um vinho no Brasil temos muitas informações, mas pouco conhecimento sobre o produto, falta marketing de verdade.
Por essa razão, por exemplo, nasceu para o Brasil, na década de 90, o tal do “reservado”, termo lançado por uma grande vinícola chilena para dar a ilusão de um vinho de classe, como no caso dos espanhóis (que usam Crianza, Reserva e Gran reserva para indicar principalmente tempo de passagem em barrica e qualidade superior). Mas reservado não quer dizer nada, pelo contrário, normalmente são vinhos simples, muitas vezes chamados de (mono) varietais (feitos com uma só uva, ou predominantemente) ou vinhos de entrada, que de fato são os mais simples de suas vinícolas, porém com esse “apelo” de marketing.
[Lembre-se um reserva é um vinho de caráter que precisa do afinamento em barrica de pelo menos mais de 6 meses (uma barrica para 300 garrafas custa no vinho cerca de R$ 20,00 a mais, portanto não dá para pagar R$ 30 e ter algo de reserva nisso).]
Depois de muito tempo a normatização brasileira regularizou o termo. Desde 2019 o termo reservado deixou de ser uma decisão exclusiva do produtor e está regulamentada por uma instrução normativa do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O termo reservado passou a ser previsto como um “vinho jovem, pronto para beber e com mais de 10% de álcool” - uma forma útil para os vinhos brasileiros de entrada serem colocados lado a lado dos chilenos mais vendidos nas lojas em geral.
Depois de muito explorar essa estratégia há um movimento ganhando força no Chile por vários produtores para excluir o termo Reservado. A ideia é dar novos nomes a linha e criar uma identidade singular para cada produtor. É o caso por exemplo da Terranoble, que apesar de não ter uma linha Reservado nomeou de Civis sua linha de entrada, enquanto o Reserva e Gran Reserva passam a ser Azara e Algarrobo, referencias locais para Cidadão, e os outros dois vegetações das origens onde as uvas provem.
Vamos aguardar para ver se as grandes empresas produtoras também partam para essa estratégia muito mais leal com o consumidor!
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